6 de mar. de 2010

Guerra ao Terror (2008)


Ficar impressionado com Guerra ao Terror é fácil. Logo no início do filme há uma ótima sequência estupendamente bem arquitetada por Kathryn Bigelow. Temos então a junção de três fatores essenciais para o funcionamento do longa: 1 - a montagem que constrói o filme de uma maneira extraordinária, tendo seu momentos sutis em edição lenta; 2 - a fotografia tecendo uma realidade fora do normal e 3 - Kathryn Bigelow sem cuja dedicação e técnica nada seria tão promissor. Guerra ao Terror é, portanto, verossímil acima de tudo e atire uma pedra aquele que achar o contrário. Porque alguns podem até taxá-lo como um filme mediano, mas não podem negar que há realidade em cada momento. Há uma tensão impenetrável no filme que parece ser a característica que mais conquista o público. Trata-se de um filme que é difícil apontar o seu melhor durante a projeção, mas quando terminamos de ver sabemos que mérito merece ser dado à Kathryn por ser, talvez, a melhor direção da temporada.

Algo que pode deixar alguns incomodados são as pontas que alguns personagens fazem. Acontecem uma, duas e três vezes. Até porque, não motivo algum para aprofundar esses personagens, cumprem exatamente o que estão lá para fazer. No quesito atuação não há nenhuma queixa; Jeremy Renner faz mais do que desempenhar seu papel, a personalidade de seu personagem é altamente avassaladora e profunda. Ele é literalmente o protagonista, pois parte de seu passado é contada, sua vida pessoal, parte dos acontecimentos que o tornaram daquele jeito. E é com Jeremy Renner que presenciamos o momento mais chocante. Talvez compreendam quando visualizarem o ator numa encruzilhada apontando uma arma para um carro.

Retratando com perfeição o estado atual de calamidade vivenciado em Bagdá a trama do filme gira em torno do esquadrão anti-bombas norte-americanco composto por William James (Jeremy Renner), que costuma ser frio em ação, carrega uma grande experiência; Sanborn (Anthony Mackie), o típico soldado competente e “certinho” que não tolera certas atitudes de William; e Owen Eldridge (Brian Geraghty) que sabe que o risco de morrer é muito grande e aos poucos vai se adaptado a sua realidade. Nesse ínterim o filme segue corretamente até que em um momento surge uma cena deslocada. É um grande filme que merece todo o reconhecimento recebido.

E se fazer filmes de guerra virou moda é preciso competência para que o gênero não caia no clichê. Guerra ao Terror ganha destaque atualmente nas premiações por retratar muito bem a realidade, com uso de atores pouco conhecidos e que já tem o rostinho estampado em Hollywood tem espaço apenas para pontas. Há cenas ali que valem por mil filmes, momentos que não precisam de diálogo algum para tornar-se compreensível. Esquecemos que aquilo é um filme e achamos que que um cameraman saiu filmando a rotina dos soldados. A guerra é certamente uma droga, mas com este filme a guerra torna-se até fascinante.


Guerra ao Terror
(The Hurt Locker, EUA, 2008)
Direção: Kathryn Bigelow Roteiro: Mark Boal Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse, Evangeline Lilly, Christian Camargo, Suhail Al-Dabbach, Christopher Sayegh, Nabil Koni, Sam Spruell, Sam Redford, Feisal Sadoun, Barrie Rice. Ação, Drama, Guerra. 131 min.

7 comentários:

  1. O filme é muito bom, aos poucos, lendo, vou estabelecendo mais a minha opinião sobre ele... Ainda não o considero o vencedor do Oscar mas merece essas ovações (até pelo novo quadro do Oscar on de 10 filmes são indicados)...

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  2. Gosto muito da direção e da montagem, acho belos atributos de um filme cujo roteiro bebe demais de outras fontes - em especial, o superior "Soldado Anônimo".

    [****]

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  3. Para mim não é o melhor filme do ano, mas sem dúvida é digno de ser citado entre os maiores da temporada. Bigelow conseguiu o que parecia ser improvável, fazendo desse filme de guerra algo relevante para o gênero.

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  4. È realmente muito bom, até agora o melhor filme sobre a tão comentada Guerra do Iraque!

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  5. Sinceramente, eu acho esse melhor que Avatar. Acho que ele é sincero em suas tramas e consegue passar pelos mais diversos gêneros sem cair no piegas (coisa fácil nesses tipos de filmes).

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  6. Já eu... não gostei muito do filme não! A tensão foi bem orquestrada mas nada tão impactante, acho que o que me desapontou durante foi seu ritmo!

    Mas confesso que o realismo é estupendo! Nisso Kathryn foi brilhante!

    E as participações especiais foram super rápidas hein! Grande destaque ao Jeremy Renner que soube conduzir o filme.

    No geral, em relação aos indicados ao Oscar fico com Avatar e Bastardos facilmente!

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  7. Muito superestimado. E digo isso desde antes mesmo do filme ser indicado a Oscar. É interessante e tem ótimos momentos, mas longe de ser uma obra de maior grandeza.

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