Never Let Me Go, Inglaterra. |
O único material de divulgação que vi foi o lindo pôster que me instigou a assisti-lo. Lia algumas coisas de orfanato por aí e nada mais. Ainda gosto de ir para o cinema, ou deitar no meu sofá e ligar meu aparelho de DVD e começar a ver um filme que não sei nada sobre. Afinal, não devemos nos preparar. Não me abandone jamais é um retrato poético de três pessoas que só tem uns aos outros, pois compartilham da mesma situação. E que situação cruel...
Juntos eles tentarão enfrentar a vida até chegarem o momento inevitável para o qual foram designados. Durante anos eles passam por esperanças pessimistas que apenas Tommy (Andrew Garfield) as alimenta. Este que com o passar dos anos parece nunca perder a inocência e timidez de um garoto rejeitado pelos outros e apesar de todas as frustrações Tommy é alicerçado por Kathy (Carey Mulligan), a realista. Ela encontra na solidão um motivo para achar forças perante seu “destino”. Não me abandone jamais faz jus ao seu título.
Toda a ideia que se cria do filme é completamente mudada quando a Srt. Lucy (Sally Hawkins) entra na sala daqueles garotos e joga na cara deles a realidade. As suas realidades. Realidade que lhe faz mal só por saber. Então, é nesse momento que realmente estamos entrando no espírito do longa, mesmo que no começo o argumento seja difícil de se engolir, com o tempo nós digerimos. E não é difícil se encantar com um filme visualmente perfeito. Durante todo a projeção a fotografia é extremamente persuasiva. Não há como negar que me apaixonei pela fotografia de Adam Kimmel e por todos os contrastes que aumentam ainda mais a melancolia desacerbada e engrandecem a beleza da projeção. A curta cena da ponte protagonizada por Mulligan e Garfield e a sequência que os três encontram um barco encalhado são o que de houve de mais belo no cinema esse ano.
Utilizando sempre que pode tomadas monótonas, sem atores em cena, Mark Romanek consegue passar ao espectador exatamente o objetivo do filme. Os trinta minutos finais de Não me abandone jamais são os minutos que farão o espectador encarnar toda a aura triste dos personagens.
O elenco todo está excepcional, até mesmo a escalação juvenil não deixa a desejar. Carey Mulligan e Andrew Garfield que se destacam mais. É fantástico ver os dois encenando. É inevitável não sentir arrepios durante a cena dos dois no carro. Inevitável não se questionar porque raios Garfield fora mais ovacionado por A Rede Social. A fotografia novamente se fazendo essencial aí. Todas as angústias dos personagens carregam o espectador a uma conclusão esperada, mas ainda assim avassaladora.
Não me abandone jamais passa uma mensagem otimista, apesar de deixar quem assiste arrasado, as dores dos personagens nos fazem refletir sobre o quanto vale a vida. A trilha sonora auxilia a composição da beleza de cada cena, os acordes melancólicos de Rachel Portman são sempre bem executados durante a projeção. Todas as composições são coerentes com os personagens e com a trama, principalmente We All Complete. A delicadeza da trilha do filme causa uma identificação imediata. Escolher a canção Never Let Me Go de Jane Monheit para um dos momentos mais otimistas do filme nos faz lembra que sim, a vida tem sua beleza apesar de ser dolorida.
█ █ █ █ De Mark Romanek, com Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley.
Até que curti bastante esse filme, o elenco está soberbo com destaque para o Garfield!
ResponderExcluirMais um belo texto, analítico e sensível sobre esse filme tão denso e tão triste que me deixou arrasado.
ResponderExcluirÉ dolorido, mas faz pensar sobre como a vida é efêmera, como tudo deve ser aproveitado intensamente. E o tempo corre e nem vemos: a vida se perde se não amarmos mais, se não aproveitarmos mesmo cada segundo dela.
O elenco é um máximo, e é triste observar a 'impotência' de seus personagens que nada fazem pra mudar a condição, diante da morte que virá...
Abraços!
Sou doido pra assistir, mas ainda não encontrei por aqui. E a crítica anima mais ainda!
ResponderExcluirEsse é um filme que me deixou muito confuso. Confuso no sentido de que DETESTEI a história absurda, mas adorei os efeitos dramáticos dela. Enfim, minha relação com "Não Me Abandone Jamais" é de amor e ódio!
ResponderExcluir.bello texto, moço. fez jus a um filme delicadamente devastador como este.
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